História |
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02-Mai-2006 | |
(A informação abaixo é referente à extinta freguesia de Aboim da Nóbrega) Aboim da Nóbrega é, por sua antiguidade, história, cultura e tradições que a rodeiam, uma das mais importantes freguesias do concelho de Vila Verde. Foi Couto com juiz ordinário, procurador, vereadores, escrivães e demais funcionários, existindo ainda o antigo edifício da Câmara, Tribunal e Cadeia Foi sede do antigo concelho de Aboim da Nóbrega, extinto por decreto de 31 de Dezembro de 1853, passando a fazer parte do concelho de Pico de Regalados, extinto igualmente por decreto de 24 de Outubro de 1855, sendo incorporado no actual concelho e comarca de Vila Verde. Anteriormente foi ainda sede mãe das Terras da Nóbrega. Aboim da Nóbrega ou Terras da Nóbrega era, na sua forma histórica primitiva, uma vila romana (Vila da Nóbrega). Designava-se por Terra da Nóbrega, nos séculos XII e XIII, a região que se estende ao sul do Lima, desde Ponte da Barca à fronteira, e entre aquele rio e a linha divisória de águas com o Homem (actuais freguesias do concelho de Ponte da Barca e ainda algumas do concelho de Vila Verde).![]() A freguesia de N.ª S.ª da Assunção de Aboim da Nóbrega pertencenceu à comenda de Távora da Ordem de Malta, dos Marqueses de Távora, cabido do Couto de Aboim da Nóbrega, da mesma ordem na antiga comenda de Viana, e depois passou à Coroa, a que D. Manuel deu foral em Lisboa a 24 de Outubro de 1513. Foi senhor deste couto D. João de Aboim (Mordomo-mor de D. Afonso III , Conselheiro de D. Diniz, Governador do Algarve e ainda Trovador) filho de D. Pedro Ouriguez da Nóbrega e neto de D. Ourigo Ouriguez, O Velho da Nóbrega que, entre várias outras façanhas, (re)construiu o poderoso Castelo da Nóbrega, expulsou os Mouros das Terras da Nóbrega e participou na conquista de Óbidos, tendo sido o seu primeiro Alcaide Mor. Tronco destas duas famílias da Nóbrega e Aboim, descenderam ilustres nobres unidos por casamento com os melhores de Portugal e Espanha. Dele há ilustre descendência, como são por exemplo os senhores da Barca. O apelido Aboim inclui-se nos Sousas, por casamento de D. Maria Pires, filha de D. Pedro Anes e neta de D. João de Aboim, com o infante Afonso Dinis, filho do rei D. Afonso III. Alguns têm ainda o apelido de Aboim, mas não o solar que se julga ter sido vendido pelos herdeiros, no tempo do rei D. Afonso V, a Fernão Martins - familiar do Arcebispo de Braga - que pôde usar as honras desta quinta e casa, em 1449, por feitos na guerra. Passou depois aos fidalgos Câmara, do Porto, e destes entrou na casa dos senhores de Baião, por casamento de Fernão Martins de Sousa, senhor de Baião, com D. Maria de Ataíde, filha de Fernão Gonçalves da Câmara. Foi mais tarde vinculado em morgado à capela de S. Miguel, na cidade do Porto. O couto e morgadio anexo pertenceram assim aos apelidos de Baião, Sousas e depois Coutinhos.
João Soares Vivas foi um enorme herói português em várias terras asiáticas, por exemplo em Malaca e Macau. Se Macau se manteve sob domínio português até finais do século XX deveu-o muito a ele. João Soares Vivas foi descrito como um herói na luta contra a tentativa de invasão de Macau pelos holandeses em 1627. Os registos da época assinalavam que as forças comandadas por João Soares Vivas derrotaram com bravura os holandeses, tendo abatido entre 300 a 400 homens e apreendido várias da suas embarcações. Este é um entre vários factos que temos conhecimento sobre este ilustre Aboinobrense, que construiu uma Capela em Macau dentro do Forte de São Tiago da Barra, do qual era proprietário. Há ainda quem refira que João Soares Vivas pode ter sido Vice-Rei interino da Índia. Por outro lado, o seu irmão António Soares Vivas acompanhou-o de perto nas suas expedições, tendo-se tornado num pujante empresário e comerciante de produtos oriundos da Ásia. Um canhão mandado construir por João Soares Vivas para o Forte de São Tigao da Barra em Macau tem inclusivamente inscrito o nome do seu irmão António. Do lugar e casa de Picão, partiu cerca de 1730 para o Brasil (a família de) Picão Camacho, que, até prova em contrário, tem vindo a ser considerado um dos principais fundadores da Vila da N. Srª. do Bom Despacho, actual Cidade de Bom Despacho, no estado de Minas-Gerais, no Brasil. Em 1846, no âmbito da Revolução da Maria da Fonte, Aboim da Nóbrega foi, no distrito de Braga, a localidade que mais se evidenciou no movimento de guerrilhas que emergiram com a revolta iniciada pela Maria da Fonte. É padroeira de Aboim da Nóbrega, N.ª S.ª da Assunção, que foi em tempos antigos a de mais célebre devoção das pessoas de Entre Douro e Minho. O Santuário Mariano diz que «era tão grande a devoção que lhe tinham os fidalgos e senhores do Castelo e Vila d’Anóbrega que por devoção da mesma Senhora tomaram dela o apelido de Aboim». Da igreja, diz uma lenda que se localizava no lugar da Lameira (existindo ainda, aliás, nesse local, um antiquíssimo cruzeiro) e que foi mudada numa noite, pelos Mouros, para a actual localização. Até meados do Século XX Aboim da Nóbrega possuía somente ensino primário até à 3ª classe. Quem pretendesse obter o diploma da 4ª classe teria de realizá-la noutra localidade, como por exemplo Azias. Apesar da 4ª classe ser lecionada em Aboim da Nóbrega desde sensivelmente meados do Século XX, quando ainda era obrigatório exame para obtenção do diploma, esse tinha de ser realizado fora de Aboim: inicialmente no Pico de Regalados e posteriormente em Covas. No ínicio dos anos 70 do mesmo século, a Profª Maria do Carmo Reis Rocha trouxe o ensino até aos 5º e 6º ano de escolaridade para Aboim da Nóbrega, através da Telescola, que se manteve até finais dos anos 90. A reforma administrativa realizada ao nível das freguesias em 2013 levou a que o esmagadoríssimo número destas tenha o seu nome iniciado por “União de Freguesias”. Foi um erro de políticos com pouca sensibilidade para o assunto. Portugal é, hoje, um país maioritariamente de “União de Freguesias”. Felizmente o nome da nossa nova freguesia não inicia por “União de Freguesias”. É uma conquista de alguns - muito poucos, nos quais estamos incluídos, que, com muita luta, da qual fez parte, por exemplo, o agendamento de uma manifestação e a votação do atual nome na Assembleia Municipal quando já tinha sido aprovado na Assembleia de Freguesia, que a nossa nova freguesia teve como nome simplesmente: Freguesia de Aboim da Nóbrega e Gondomar. Um luxo, no panorama nacional. Nota: Esta síntese histórica foi elaborada com base em bibliografia e ainda no nosso conhecimento empírico, derivado do privilégio de termos nascido, crescido e partilhado a cultura e as vivências desta terra minhota, humilde mas simultaneamente simpática e valiosa.
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