Aboim da Nóbrega, para além da tradição dos Lenços de Namorados, de amor ou de pedido, possui outras tradições em vias de desaparecimento, e que destacamos abaixo. Se quiser ver outras destacadas nesta página, por favor entre em contacto connosco pelo e-mail geral(arroba)aboimdanobrega.com .
1. Fiar o Linho
Fiar o linho era uma tradição de muitos dos serões das mulheres de Aboim da Nóbrega. O linho era fiado com recurso a roca, fuso e dobadeira, normalmente junto à lareira, pelas mulheres e raparigas da família. Depois de fiado servia para tecer os panos de linho, matéria prima usada igualmente pelas mulheres e raparigas para confeccionarem manualmente muitas das roupas da família, pessoais, de cama, etc.
2. Corno da Peçonha
Ao Corno da Peçonha atribui-se a capacidade de curar as pessoas das mordeduras de animais peçonhentos. Existem, actualmente, dois espécimes centenários, pertencentes a particulares. O Corno da Peçonha está colocado num recipiente sempre com azeite.
3. Culto às Almas do Purgatório
O Culto às Almas dos Purgatório é (ou era!) um ritual realizado durante a Quaresma em desagravo e alívio das almas do purgatório de cada lugar da freguesia.
4. Corrida do Entrudo
Forma genuína de festejar o Carnaval, na qual os elementos da população local atiram uns aos outros água e líquidos menos higiénicos (por exemplo, urina) e ainda cinza, farinha, etc.
5. Corrida do Galo
A Corrida do Galo é realizada na escola no último dia de aulas antes do Carnaval. Primeiro os alunos reunem dinheiro para adquirir um dos melhores galos da aldeia. No dia da corrida colocam-no numa cova coberta por tábuas. Um aluno com os olhos vendados terá de encontrar o galo e soltá-lo. Conseguindo sucesso o galo fugirá e os alunos irão tentar agarrá-lo oferecendo-o ao seu professor.
6. Batida ao Lobo

7. Boi da Roda
A tradição do Boi da Roda, outrora com grande expressão em Aboim da Nóbrega, encontra-se em fase de extinção. Esta tradição consistia na existência de um boi em cada lugar da freguesia, o qual pertencia, em partes iguais, a todos os agricultores desse mesmo lugar. Era um boi adquirido/criado com a finalidade de cobrir as vacas ciosas desse lugar. Cada agricultor era responsável por acolher o boi um dia, em cada ciclo, do conjunto de dias que o boi levava a percorrer todos os agricultores. Sempre que uma vaca ficava ciosa ("se levantava ou andava ao boi"), o seu dono tratava logo de a levar ao Boi da Roda do seu lugar, no local do agricultor que acolhia o boi naquele momento. Era comum ver em Aboim da Nóbrega vacas em trânsito para o Boi da Roda e cada agricultor ter um local privilegiado para o boi cobrir as vacas ciosas o mais adequadamente possível.
8. Malhada do Centeio
A Malhada do Centeio, tal como outras tradições associadas à actividade agrícola, era motivo, em muitos lugares da freguesia, de convívio, mas simultaneamente de disputas entre equipas de malhadores e entre homens e mulheres. No primeiro caso, os homens organizavam-se em duas equipas, para realizar as malhadas de centeio do lugar, saindo vencedora a equipa que fizesse maior estrondo com os malhos a embater no centeio, ou então, aquela que provocasse maior número de desistências de elementos da equipa "adversária". No segundo caso, ao longo da malhada, sempre que havia algum abrandamento dos trabalhos, os homens tentavam levar pela força mulheres acima das moreias de palha, para provarem a sua pujança física, ou então atiravam-nas para o meio da palha, enrolando-se com elas de forma a conseguirem retirar algum proveito. Para mais detalhes visualize o vídeo abaixo.
[Fonte: SIC]
Há alguns anos atrás o interior e o meio rural eram locais onde emergiam, em grande número, pessoas que adquiriam ou herdavam naturalmente sabedorias e poderes para aplicação em benefício da comunidade em que se inseriam. Em Aboim da Nóbrega havia, por exemplo, no lugar do Outeiro, a Srª. Rosa do Cancelas, que, para além de parteira local, actuava ainda como endireita e curandeira. Assim, por exemplo, quando alguém abria/torcia um pé ou um pulso, fazia um ritual que era "coser" o pé ou o pulso. Punha uma caneca com água num prato e virava a caneca ao contrário, com a boca para baixo. Com linha ou novelo, pegava na mão ou no pé e fazia uns gestos circulares com linha e agulha acompanhados por um dizer do tipo "eu que coso nervo torto é que eu coso...". E enquanto isso a água que estava no prato deveria subir na caneca. Caso assim acontecesse a cura verificar-se-ia...
[Fonte: Bruno Barbosa 2008]